segunda-feira, 15 de abril de 2013

...A Voz...


       Abro meus olhos, há escuridão, dor e gritos

         Perdido em mim, sinto as trevas aumentar, corromper, acovardar, há frio

         Mais gritos, não sabendo se vem de mim ou das sombras caminhantes ao meu redor, há lágrimas

         Sentindo-me solitário, esquecendo que não estou, há medo

Vendo os dias passarem, esvai as forças

         Lápides rodeiam-me em um arrastar sem rumo

         Coração sangra

Mas, há aquela voz:

         - Lembre-se...

A voz que ressoa como um trovão

         - Mas, lembrar-me do que?

Só eu sei o que passei, há raiva

Gentil, forte, decidida a voz:

         - Lembre-se de quem és...

         - Sou apenas humano, apenas...

Um lamento indescritível de um coração ferido

         - LEMBRE-SE DE QUEM ÉS, HERÓI...

Sem hesitar, enxergando além, um profundo grito insiste a despertar e continua:

         - Lembre-se de quem és, herói, recorde de onde vem...

Em uma lágrima há esperança

         - De onde vim, há sol, há sorrisos, há calor...

Erguendo, dando forças, como fogo, a voz diz:

         - Lembre-se de quem és, herói, recorde de onde vem e porque luta

Raios rasgam o manto dos céus e consigo trazem luz

Juntos como se compreendessem, joelhos desdobram-se ainda trêmulos, olhos incendeiam-se

- Sou quem sou, aquele que não desiste, venho de incontáveis batalhas, algumas mais escuras que os piores pesadelos, luto...

- Sim, lembraste...

A voz que vem de dentro sussurra e continua:

         - Levante-se e ande...



...Luto para andar, voar em meus sonhos...

...Luto porque não me curvo à injustiça nem a dor...

...Luto para honrar minhas escolhas e tudo que aprendi...

...Luto acima de tudo pelo direito de amar e proteger a todos que meus olhos podem ver...

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