quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

...Sexto dia da exposição de presente de Natal - Vida de Tetra . Espelho das Eras - Maria Goret...

Estamos chegando na reta final. Hoje apresentamos Maria Goret
Particularmente fiquei encantado com sua técnica de pintura, leia a sua história e prestigie sua arte.




Minha história

1.     Tudo   começou em Delfinópolis, 1951 ... nasci tetraplégica ...
Lembro, na minha infância, os passeios nas cachoeiras, carro: Jeep, cheio de crianças, matula¨: frango com farofa, muita alegria, a disposição incansável de meu pai.
Foi daí que herdei esta disposição para descobrir o novo, o nosso anjo da Guarda teve muito trabalho, cachoeiras, a de Santo Antônio me marcou bastante, trilhas, precipícios, perigos que não víamos ... perfeita harmonia entre criatura e Criador.
Não havia perigo?
Sim, mas a proteção era maior!
Lembro, ainda da loja de meu pai Casa São Paulo, uma espécie de supermercado, tinha de tudo de tecido a chapéu... o que imaginássemos ... ali tinha.
Ficava na esquina da praça, minha mãe com quatro filhos, ajudava na loja, como meu pai, também era boa vendedora, não deixava ninguém sair sem nada. Se apertava, começava a atender um, enquanto este pensava atendia outro, não tinha estudo, mas tinha postura, gentileza, alegria, sabia vender para ‘’vencer’’.
Meu pai, nem se fala ‘’comerciante nato. ’’
Eu ficava sentada em cima do balcão desenhando, já gostava de desenhar, pintar desde criança, de uma forma diferenciada, bem diferenciada.
Como?
Falaremos disto depois.
Era sapeca, quebrei o braço quatro vezes quando criança e uma depois de ‘’velha’’.
Às vezes ficava sentada no chão, na calçada, para ver o movimento... a garotada brincando.
Que vontade de brincar!
Porque não ia?
Mais adiante respondo.
Eu tinha um galo [vivo] de estimação. Penteava sua crista, enrolava igual a uma boneca e o pior ou melhor, ele ‘’topava’’. Algumas crianças dariam tudo para ter um igual, outras judiavam de mim, tapas, beliscões e saiam correndo... até que aprendi a morder.
Elas entenderam que corriam o risco de ficarem sem orelha, eu era o contrário de Van Gogh, não arrancava a minha, mas a de quem alcançava.
Porque algumas agiam assim?
Provocação?
Incômodo?
Curiosidade?
Assim era a pacata DELFINÓPOLIS - NATUREZA, cidadezinha onde todos se conheciam, festas populares, quermesses, missões religiosas, passeios pelas cachoeiras, cinema.
Cinema?

2. Quando minha mãe mandava-nos para o cinema, podia saber... mais um irmãozinho ou irmãzinha, parto normal em casa, com a parteira e tudo.
Não víamos a hora do final do filme, nosso pensamento estava na novidade.
Foram cinco em Delfinópolis, um em Cássia e três em Franca.
Bom, já deu para perceber que mudamos de Delfinópolis para França.
Meu pai, com sua visão de futuro, percebeu que era hora de mudar de foco, os estudos dos filhos, que só aumentava o número, o trabalho... o comércio geral já se definia para o ramo de carros.
Quantas vezes, em pleno passeio ou viagem, descíamos do carro, nós e as bagagens para a troca do carro vendido ou trocado. Era divertido.
Nasci lá, morei até a idade de dez anos, fui alfabetizada em casa os dois primeiros anos,
Depois passei a frequentar a escola local, desde cedo buscando minhas adaptações, procurando agir de forma a modificar meu ambiente para melhor, DEUS já colocando ‘’ anjos’’ em minha vida.
DELFINÓPOLIS - NATUREZA:
Um cenário de rara beleza, digno de receber o fato mais significativo e único de minha história:

DELFINÓPOLIS – O MILAGRE!

CONTAR OU CANTAR? VIVER...

Madrugada...
Penso em escrever um conto.
É preciso revelar a beleza de uma vida.  Minha vida!
Amanhece o dia, a ideia persiste. Sento em minha cama e a caneta nos dedos do pé começa a transpor para o papel, para o real ou pensamento - voar, partir, voltar...
Fujo do presente e volto ao passado, vivo o momento.
É o recomeçar, tenho cinco anos, sou deficiente fisicamente, mas com um interior dinâmico e feliz.
Adoro desenhar, imaginar...
Que valor ter uma cabeça perfeita, um pensamento que direciona!
Brinco, sou birrenta, defendo-me como posso, se preciso, uso até os dentes... bobeou... nhoc!
A minha cidade?
3.É pequena, acolhedora, turística e a religiosidade predomina.
Olha! Vai ter festa!
É a festa do Divino Espírito Santo, em casa a euforia, somos os organizadores.
Religiosidade?
Não. Certeza, opção de vida, fé adulta e consciente, paz... eis o meu lar.
 A sabedoria que vem de Deus ao invés da sabedoria apenas humana, da cultura.
Simplicidade e amadurecimento como sinônimo de meus pais, Vou falar deles:
3.Minha mãe, psicóloga por natureza com a ajuda de meu pai um líder, criou-me, educou-me como criança normal, sem cuidados exagerados, só o suficiente para me tornar segura e feliz.
Hoje sinto o importante papel da minha infância, a auto realização e a tranquilidade são frutos de pensamentos direcionados para fé.
Caminho confiante, transmito sensibilidade com a força de vontade, a arte e a criatividade, invento, descubro-me a cada novo instante.
Ora sou alegre, ora sou triste, rio, angustio, caio, mas também levanto, sou e vivo uma vida normal!
Faço um estudo de minhas capacidades e limitações. Tudo leva-me a relembrar...
...cinco anos, tenho febre e terríveis dores nas pernas que não andam e que já foram determinadas para operações futuras. Tenho dores...choro ...digo que vou andar ou morrer.
A inocência de uma criança, a vontade, a certeza, a confiança.
E a festa?
4. Último dia de festa, sou proibida de sair, mas... quero e vou participar da procissão.
 A birra, o choro constante, venço pelo grito e vou.
Nos braços de alguém, peço para descer, grito novamente, assusto e vou para o chão...começo a andar...dou os primeiros passos de minha vida!
A vontade de uma criança aliou - se à intervenção divina, todos vem o prodígio, o Espírito Santo e uma ação concreta ali!
Caminhar...e não morrer, caminhar para o bem!
As pessoas, de repente, percebem um pouco mais que religiosidade, percebem a presença de Deus iluminando uma criança.
A medicina não encontra respostas, simplesmente aceita perante os fatos e radiografias, seu poder é limitado diante do ilimitado!
Os anos passam, a arte de viver alicerçada em Deus cria meios de sobrevivência, descobre dons, persiste, luta e vence.
Valoriza o dia a dia como a maior descoberta, o maior milagre.
Nas pequenas coisas aprende cada vez mais a amar e ser amada.
Já não é apenas um invento, um conto ... é um cantar à alegria de
Servir, amar e viver!
Nasci tetraplégica e esta é a minha história, o meu conto real!


A tetraplegia transformou – se em membros superiores atróficos, foi o que restou da deficiência.

Minha mãe conta que foram tempos difíceis, mas abundantes em graça.
Tudo era diferente, parecia uma preparação.
Ela organizava as prendas para a noite da festa ao Divino Espírito Santo, durante o dia pedintes apareciam e ela os saciava com as delícias 5.caseiras: bolos, rocamboles, doces, ‘’ bom bocados’’, balas, frangos... e assim ia organizando tudo outra vez.
A festa duraria três dias sob a coordenação espiritual do Padre Ivo.

No primeiro comecei com febre, dores nas pernas, dizia que ia morrer ou andar.
Assim continuou o processo, o médico local fez o que deveria ser feito e nada...
Febre, dores terríveis, choro.
Chegou o grande momento: a procissão!
Quero ir, eu gritava, chorava, como já disse ganhei no grito!
Estava no colo de AUXILIADORA, a missão era dela, ali, ela tornou-se a ‘’auxiliar’’ no grande momento da INTERVENÇÃO DIVINA, do sopro do

ESPÍRITO SANTO:
GRITEI TÃO FORTE, ASSUSTEI...
DESCI E ANDEI...
FUI ANDANDO À PROCISSÃO!

Hoje, reconheço que milagre não é magia, nem só espanto, mas a intervenção da infinita bondade de DEUS de forma concreta, transformadora.
Se ficarmos atentos sentiremos ‘’grandes milagres’’ no nosso dia a dia.
Minha história tomou outro rumo, ela foi transformada por um sinal eficaz que permanece com o mesmo sentido ontem e hoje.
O pedido de uma criança e a vontade de transformar o meio em que vivia tornara-se realidade.
Volta à São Paulo e no consultório a equipe médica unânime: a medicina não tem resposta!
Novas radiografias, resultados normais, novos paralelos e nada a discutir.
Ausência de movimentos?
Só nos membros superiores!
Questão que teria que resolver mais tarde, só que já estava solucionada:
Nada de cirurgias, nada de pinças.
Já não existia limite, o que restara, passou a significar:
O AMANHÃ, O FUTURO!
- incentivo;
- portas abertas;
- liderança;
- novas opções;
- possibilidades diferenciadas;
- sucesso pessoal, profissional.
Hoje, considero, o meu pedido para andar, o meu primeiro ato de empreendedorismo e confiança em DEUS.
Eu queria mudar, na minha ingenuidade, na minha fé infantil, pedi.
Para quem?
Para o Pai, um Pai que atende as pessoas que confiam NELE, era assim que ouvia de meus pais, pois fui criada num lar que reinava, naquela simplicidade, a fé adulta.

Acreditou, pediu, ganhou, mudou, celebrou!
6.Agora o melhor de tudo:

Sucesso espiritual, posso dizer assim, pois mesmo com quedas, erros, fragilidades, carências ... sei que posso contar com a fortaleza e a misericórdia de DEUS!
Esta é a minha base: olhar o PASSADO, viver o PRESENTE e ter a certeza dos novos passos, pois estou sempre atenta ao projeto de vida que DEUS, na sua infinita bondade quer para mim.

Hoje, moro em Franca, a minha cidade do coração, hoje, não, há 50 anos, somos em 9 filhos, meu pai já não está conosco, minha mãe a ‘’ grande heroína, está com 84 anos de fé, alegria e confiança na ação divina em nossas vidas.
Aposentei – me como professora universitária, Literatura e Artes, Letras e Educação Artística com Especialização em Semiótica.
Pertenço à Associação dos Pintores com a Boca e os Pés, como artista plástica tenho obras selecionadas e reproduzidas no Brasil e exterior, minhas telas selecionadas são enviadas para Suíça e mais 70 países.
Participo de salões em todo Brasil e tenho algumas medalhas, troféus e menções honrosas.
Como escritora oscilo entre prosa e poesia, o meu livro ‘’REALIZE...TUDO O QUE SEU CORAÇÃO DESEJA ‘’, está na segunda edição e ficou entre os 3 finalistas no Premio Sentidos, nível nacional, com 1.083 inscrições.
- ‘’ERA UMA VEZ UMA GAROTA DE OLHOS ENCANTADOS’’ e ‘’ A ESTRELA DE UMA PONTA’’ são livros de inclusão infantil.

HISTÓRICO
EXPOSIÇÕES
- BRASIL E ARGENTINA
- SÃO PAULO =
PINHEIROS, MORUMBI, REATECH E MEGA ARTESANAL, SAGUÃO DO MASP E MAM
- FRANCA – SALÃO DE ABRIL, INDIVIDUAL E COLETIVAS, NÚCLEO ARTILOKA, ATELIER DECOS
- SEMANA PORTINARI
- ARGENTINA – MUSEU EDUARDO SÍVOLI
- SUIÇA PELA APBP – 22 TELAS SELECIONADAS E 10 REPRODUÇÕES – BRASIL, CANADÁ, ARGENTINA, PEQUIM, FINLÂNDIA E NORUEGA
- ESTILO ACADÊMICO
TEMPO DE PROFISSÃO
- PROFISSIONALMENTE HÁ 8 ANOS NA ASSOCIAÇÃO DOS PINTORES COM A BOCA E OS PÉS

MARIA GORET CHAGAS
EM MEU SITE VC COMPROVA TDS OS DADOS



Um comentário:

GORETCHAGAS disse...

Parabéns e obrigada, feliz natal

...