segunda-feira, 9 de abril de 2018

...Asas de papel...



Do alto podia ver, em um breve voo sobre asas de papel
Lágrimas lançadas ao mar, inundando, levando gritos que sumiam entre as correntezas.
Arrastando tudo ao nada, manchando cores, silenciando vozes
Sombras seguiam famintas a devorar sonhos e medos, sob um céu avermelhado
Levando, tragando suas vítimas, que outrora podiam sorrir.
Entre ruinas em chamas, o tempo tornava a dor maior
E o frio feria como faca, um olhar que só tinha a oferecer suas orações vazias
Piados de uma pequena ave a clamar por um qualquer que pudesse ajudar
Voando o mais rápido que suas asas rasgadas permitiam
Enfrentando o fato de que ali nada poderia fazer
Lutando contra tudo que lhe dizia estar errado
Que assim se mataria, que assim a morte o levaria também
Teimava como em um ato de fé, arriscando seu futuro quebrado, alegria fugaz, sonhos queimados, vida incapaz, alma rompida.
Sempre soube que não haveria nada a fazer, mas acreditar que ir até o fim fosse o certo, tudo que poderia ser feito
Em meio à chuva e o mar, que se tornara rio, invadindo e destruindo tudo em seu caminho.
Pois para continuar respirando e tendo a última e única forma de acreditar, todo o fim e feridas ainda forem necessários.
Uma única alma alada a tentar resistir à destruição.

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