Mergulhar no universo artístico em 1994 determinou uma mudança como nunca imaginei. Aos 25 anos de idade estava no quarto ano da tetraplegia, consequência de um mergulho em uma cachoeira. Sem poder realizar os sonhos que dependiam de liberdade física, questionava intensamente diante das limitações físicas. E foi nesse contexto que a pintura com a boca, mais que um presente, surgiu como uma possibilidade de ter a autonomia de planejar a vida.
A cada quadro concluído e posicionado nas paredes tornava menor o que era o meu ateliê, meu escritório, meu quarto e meu mundo. Assim compartilhava a minha realização com as pessoas que me visitavam e vibravam ao apreciar as pinturas e o quanto me sentia feliz por estar em atividade. Penso que ali surgiu o desejo de ter um ateliê para expor os quadros continuamente ao invés de guarda-los em prateleiras pela falta de espaço.
Ao longo de dez anos já havia produzido obras que foram expostas no Brasil e em outros países. Dessa forma realizava algumas vendas interessantes, contudo percebendo na prática que por mais que me dedicasse, não vislumbrava que um dia viveria de arte. Porém, em 2004 ingressei como bolsista na APBP (Associação dos Pintores com a Boca e os Pés), tendo enfim a almejada tranquilidade.
Enfim, foi maravilhoso vê-los com seus familiares, amigos e acompanhantes. Estavam visivelmente emocionados ao som das quatro estações de Vivaldi, executadas em violinos. Nesse clima circularam no ateliê e por toda a casa, quando nos juntamos para a troca de presentes e momentos tão marcantes preparados por minhas famílias e outras dezenas de pessoas que contribuíram para a concretização de mais um sonho.
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