Pulei no abismo, e em meio ao salto, lembranças surgiram em minha mente, o que sabia não sei mais. Não via nada a não ser as águas se aproximarem trazendo o hálito
da morte.
Não conseguia enxergar meus motivos, não conseguia enxergar meu passado ou presente. Apenas olhava e apreciava as aves no céu, os lindos peixes ao longo do mar, e a brisa mais sensível e pura que já havia sentido. Em alguns segundos testemunhei algo que procurava há muito tempo.
A sensação de liberdade ao cair e a expansão do tempo que a cada segundo pareciam horas.
Talvez a queda fizesse recordar do tempo de vida, das flores, e do ar puro do campo, do verde das árvores e o azul do céu. Logo percebi, não quero morrer. Apenas continuo buscar a vida.
Gostaria de ter aproveitado mais os momentos, tão belos, tão curtos, esses mínimos detalhes são o que tornam a vida uma coisa única, divina.
Meu corpo clamava por sobreviver, chorava de arrependimento, mas minha alma gritava por libertação... As vezes algumas coisas são necessárias.
Oro por um milagre, e neste momento sinto-me flutuar, o vento me conduzir em pleno ar, voando veloz para longe das tempestades que um dia chamei de trevas.
A dor trazida pela minha própria humanidade e os erros que cometi.
Voando para longe, além do mar, além das nuvens. Indo de encontro ao que sempre sonhei, um lar, um lugar que poderei viver em paz.
O vazio não diz nada, e não tenho mais aquela alegria de contemplar o Sol brilhar.
Pergunto-me o que houve comigo, e sem respostas sigo em meio ao nada.
O tempo é cruel, ele passa sem esperar, ele passa e nem deixa um pedido de desculpas ao atropelar quem sou. E assim continuo a olhar para o nada no escuro do meu quarto, tentando preencher-me com qualquer fagulha de esperança ou sopro de vida.
Sinto-me andar em meio a neblina, em um mundo que não conheço, e perdido continuo a derramar lágrimas de solidão.
Quando encontrarei algo que me motiva, motivo para enfrentar e vencer a dor e a depressão?
Será que um dia encontrarei um sorriso que fará minha vida fazer sentido? Ou apenas continuarei a viver neste grito silencioso???
Texto escrito por Daniel Martins e Thiago Ribeiro Santos
Progresso, dia após dia, passo após passo.
Tomando as rédeas, sendo quem sou.
Transcendendo limites, acordando de um sonho para a realidade que se torna um sonho maior ainda.
O tempo é o preço, as lágrimas tornam-se necessárias, e pavimentando para assim andar com segurança sobre os percalços, continuam a construir e reformar quem realmente sou.
As vezes nos sentimos perdidos, sem ter para onde correr, como se a vida tornasse cinza e a esperança fugaz.
O tempo não para de girar, humilhando-me em minha falta de sabedoria, mostrando minha falta de fé.
Mas ultrapassamos a dor e superamos as tempestades, erguemo-nos uma vez mais, e mesmo temendo o confronto continuamos a seguir.
Juntando os ingredientes mentais, focando o coração e a mente em um só objetivo, alcançamos a determinação para ultrapassar o vale de espinhos, e mesmo que doa, sabemos que cada gemido estridente ou ferida que lateja tem seu sentido maior.
Juntando os ingredientes físicos, as vezes cimento, as vezes um carburador, quem sabe apertar um parafuso aqui e outro ali, ou continuar a planejar cada centímetro da vida que sonha.
Reunindo as forças torno-me completo, reunindo os ingredientes, trago do mundo dos sonhos ao mundo real...
Ouço o som da chuva, relâmpagos a cair e a tempestade não dá trégua
Vejo-me como guerreiro, luto pelos meus ideais, ultrapassando a dor
