Pulei no abismo, e em meio ao salto, lembranças surgiram em minha mente, o que sabia não sei mais. Não via nada a não ser as águas se aproximarem trazendo o hálito
da morte.
Não conseguia enxergar meus motivos, não conseguia enxergar meu passado ou presente. Apenas olhava e apreciava as aves no céu, os lindos peixes ao longo do mar, e a brisa mais sensível e pura que já havia sentido. Em alguns segundos testemunhei algo que procurava há muito tempo.
A sensação de liberdade ao cair e a expansão do tempo que a cada segundo pareciam horas.
Talvez a queda fizesse recordar do tempo de vida, das flores, e do ar puro do campo, do verde das árvores e o azul do céu. Logo percebi, não quero morrer. Apenas continuo buscar a vida.
Gostaria de ter aproveitado mais os momentos, tão belos, tão curtos, esses mínimos detalhes são o que tornam a vida uma coisa única, divina.
Meu corpo clamava por sobreviver, chorava de arrependimento, mas minha alma gritava por libertação... As vezes algumas coisas são necessárias.
Oro por um milagre, e neste momento sinto-me flutuar, o vento me conduzir em pleno ar, voando veloz para longe das tempestades que um dia chamei de trevas.
A dor trazida pela minha própria humanidade e os erros que cometi.
Voando para longe, além do mar, além das nuvens. Indo de encontro ao que sempre sonhei, um lar, um lugar que poderei viver em paz.
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