Vejo o campo de batalha de cima, em meio às colinas que agora estão amareladas pelo chegar do inverno.
Carrego comigo minha espada e observo ao longe os exércitos inimigos a se mover.
Entre guerreiros humanos e feras fantásticas, há muitas descritas nas mitologias, venho a temer o desafio.
Rugidos, guinchos, cascos a bater contra as rochas. O azul do céu logo se torna escuro, pois como os gritos mais gélidos que se apresentam na escuridão, a batalha será ao cair do manto da noite.
Preparo-me para mais uma feroz batalha, talvez a última.
Meu corpo surrado, calejado de tantas e tantas investidas contra a minha vida, representa suas cicatrizes como medalhas de dor e de desespero.
Apenas não posso desistir, apenas não devo recuar.
Tambores e o som errante que mais parecem uma canção fúnebre, misturam-se ao ar gelado que me faz arrepiar da cabeça aos pés.
Ao meu lado velhos companheiros, há aqueles que outrora me traíram, há aqueles que muito se sacrificaram, pois agora a batalha não é mais por ideais cretinos, mas sim da vida contra a morte.
Tento limpar minha mente, estar calmo em meio a um tormento. E agora a lua começa a despontar no horizonte.
Seu brilho branco torna tudo gélido, como se a esperança estivesse em fuga para lugares ensolarados.
Desembainho minha espada e grito como um leão, botando-me a correr, com sangue a transbordar da raiva que emana em meus olhos.
Relâmpagos prateados e o bater do som de metal contra metal fazem a melodia da noite de vingança.
Um, dois, três corpos caindo ao chão sem vida, não consigo ver se são amigos ou inimigos.
A insanidade continua até apenas sobrar um dos dois lados, um dos dois ideais.
Mais uma vez preso em uma guerra sangrenta, e agora apenas utilizando o resto das minhas forças humanas.
Dos cadáveres dos inimigos brotam sombras, vultos que acusam, espíritos que atormentam.
Continuo a lutar, transcendendo a tudo que entendo como milagres.
Submerso em gritos de dor e risos de loucura.
Assim o reflexo nos olhos do assassino brilha em tons quentes.
Gigantesca foi a jornada até aqui, inúmeras destruições, catástrofes e batalhas percorri.
Vendo aos que amo caírem, vendo aos covardes fugirem.
Apenas continuam aqueles que querem sobreviver, e que tratam a vida como seu maior e mais precioso tesouro.
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