segunda-feira, 25 de outubro de 2021

...Praguejando...

Escuto os sussurros que vem da floresta, ouço os passos ao meu redor, mas mesmo me esforçando não vejo ninguém.

As cores de uma manhã ensolarada se perderam, os sons dos risos e cantos dos pássaros há muito tornaram-se uma marcha fúnebre, que ao longe parece fazer a introdução do meu desespero.

Sinto frio e fome, não consigo mais lembrar de onde vim, perdido em uma noite que dura, hiperdura por mais tempo que posso contar, meus olhos cheios de lágrimas e inquietos visam sombras por toda parte.


Os vultos parecem caçoar, misturando suas gargalhadas ao sons das folhas das árvores se agitando ao vento.

A terra está úmida, mas eu não andava calçado, na realidade nem recordo-me de um dia ter dado laços em botas ou algo assim.

Continuo a caminhar, soluçando e praguejando, não vejo a frente e nem o que passou, apenas continuo a caminhar.

Comigo apenas o som dos corvos, que por mais que assustem, me dão a segurança de não estar sozinho. Continuo a temer, viver ou sobreviver.

Ao longe vejo uma casa, uma pequena chopana de madeiras podres, sem janelas, com sua porta apenas escorada, e sem mais nem menos, um grito gela a minha alma.

Insistentemente olho, insistentemente escuto, mas não sei, apenas desconfio de minha própria sombra e continuo a caminhar perdido e sem pedir ajuda.

Aqueles olhos, brilhando na escuridão, parece estar com fome, parece estar sedento.

Um rosto que flutua, trajando trapos negros mais escuros que o escuro, o rosto que flutua e me olha com olhos incandescentes. Insisto em correr, temendo, querendo sobreviver.

Mas nesta noite as bruxas voam, e os morcegos apenas buscam meu sangue.

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