Estamos
chegando na reta final. Hoje apresentamos Maria Goret
Particularmente
fiquei encantado com sua técnica de pintura, leia a sua história e prestigie
sua arte.
Minha
história
1. Tudo começou em Delfinópolis, 1951 ... nasci
tetraplégica ...
Lembro, na minha infância, os passeios nas
cachoeiras, carro: Jeep, cheio de crianças, matula¨: frango com farofa, muita
alegria, a disposição incansável de meu pai.
Foi daí que herdei esta disposição para descobrir o
novo, o nosso anjo da Guarda teve muito trabalho, cachoeiras, a de Santo
Antônio me marcou bastante, trilhas, precipícios, perigos que não víamos ...
perfeita harmonia entre criatura e Criador.
Não havia perigo?
Sim, mas a proteção era maior!
Lembro, ainda da loja de meu pai Casa São Paulo, uma
espécie de supermercado, tinha de tudo de tecido a chapéu... o que
imaginássemos ... ali tinha.
Ficava na esquina da praça, minha mãe com quatro
filhos, ajudava na loja, como meu pai, também era boa vendedora, não deixava
ninguém sair sem nada. Se apertava, começava a atender um, enquanto este
pensava atendia outro, não tinha estudo, mas tinha postura, gentileza, alegria,
sabia vender para ‘’vencer’’.
Meu pai, nem se fala ‘’comerciante nato. ’’
Eu ficava sentada em cima do balcão desenhando, já
gostava de desenhar, pintar desde criança, de uma forma diferenciada, bem
diferenciada.
Como?
Falaremos
disto depois.
Era
sapeca, quebrei o braço quatro vezes quando criança e uma depois de ‘’velha’’.
Às
vezes ficava sentada no chão, na calçada, para ver o movimento... a garotada
brincando.
Que
vontade de brincar!
Porque
não ia?
Mais
adiante respondo.
Eu
tinha um galo [vivo] de estimação. Penteava sua crista, enrolava igual a uma boneca
e o pior ou melhor, ele ‘’topava’’. Algumas crianças dariam tudo para ter um
igual, outras judiavam de mim, tapas, beliscões e saiam correndo... até que
aprendi a morder.
Elas
entenderam que corriam o risco de ficarem sem orelha, eu era o contrário de Van
Gogh, não arrancava a minha, mas a de quem alcançava.
Porque
algumas agiam assim?
Provocação?
Incômodo?
Curiosidade?
Assim
era a pacata DELFINÓPOLIS - NATUREZA, cidadezinha onde todos se conheciam,
festas populares, quermesses, missões religiosas, passeios pelas cachoeiras,
cinema.
Cinema?
2. Quando
minha mãe mandava-nos para o cinema, podia saber... mais um irmãozinho ou
irmãzinha, parto normal em casa, com a parteira e tudo.
Não
víamos a hora do final do filme, nosso pensamento estava na novidade.
Foram
cinco em Delfinópolis, um em Cássia e três em Franca.
Bom,
já deu para perceber que mudamos de Delfinópolis para França.
Meu
pai, com sua visão de futuro, percebeu que era hora de mudar de foco, os
estudos dos filhos, que só aumentava o número, o trabalho... o comércio geral
já se definia para o ramo de carros.
Quantas
vezes, em pleno passeio ou viagem, descíamos do carro, nós e as bagagens para a
troca do carro vendido ou trocado. Era divertido.
Nasci
lá, morei até a idade de dez anos, fui alfabetizada em casa os dois primeiros
anos,
Depois
passei a frequentar a escola local, desde cedo buscando minhas adaptações,
procurando agir de forma a modificar meu ambiente para melhor, DEUS já
colocando ‘’ anjos’’ em minha vida.
DELFINÓPOLIS
- NATUREZA:
Um cenário
de rara beleza, digno de receber o fato mais significativo e único de minha
história:
DELFINÓPOLIS
– O MILAGRE!
CONTAR
OU CANTAR? VIVER...
Madrugada...
Penso
em escrever um conto.
É
preciso revelar a beleza de uma vida.
Minha vida!
Amanhece
o dia, a ideia persiste. Sento em minha cama e a caneta nos dedos do pé começa
a transpor para o papel, para o real ou pensamento - voar, partir, voltar...
Fujo
do presente e volto ao passado, vivo o momento.
Adoro
desenhar, imaginar...
Que
valor ter uma cabeça perfeita, um pensamento que direciona!
Brinco,
sou birrenta, defendo-me como posso, se preciso, uso até os dentes... bobeou...
nhoc!
A minha
cidade?
3.É
pequena, acolhedora, turística e a religiosidade predomina.
Olha!
Vai ter festa!
É a
festa do Divino Espírito Santo, em casa a euforia, somos os organizadores.
Religiosidade?
Não.
Certeza, opção de vida, fé adulta e consciente, paz... eis o meu lar.
A sabedoria que vem de Deus ao invés da
sabedoria apenas humana, da cultura.
Simplicidade
e amadurecimento como sinônimo de meus pais, Vou falar deles:
3.Minha
mãe, psicóloga por natureza com a ajuda de meu pai um líder, criou-me, educou-me
como criança normal, sem cuidados exagerados, só o suficiente para me tornar
segura e feliz.
Hoje
sinto o importante papel da minha infância, a auto realização e a tranquilidade
são frutos de pensamentos direcionados para fé.
Caminho
confiante, transmito sensibilidade com a força de vontade, a arte e a
criatividade, invento, descubro-me a cada novo instante.
Ora
sou alegre, ora sou triste, rio, angustio, caio, mas também levanto, sou e vivo
uma vida normal!
Faço
um estudo de minhas capacidades e limitações. Tudo leva-me a relembrar...
...cinco
anos, tenho febre e terríveis dores nas pernas que não andam e que já foram
determinadas para operações futuras. Tenho dores...choro ...digo que vou andar
ou morrer.
A
inocência de uma criança, a vontade, a certeza, a confiança.
E a festa?
4. Último
dia de festa, sou proibida de sair, mas... quero e vou participar da procissão.
A birra, o choro constante, venço pelo grito e
vou.
Nos
braços de alguém, peço para descer, grito novamente, assusto e vou para o chão...começo
a andar...dou os primeiros passos de minha vida!
A
vontade de uma criança aliou - se à intervenção divina, todos vem o prodígio, o
Espírito Santo e uma ação concreta ali!
Caminhar...e
não morrer, caminhar para o bem!
As
pessoas, de repente, percebem um pouco mais que religiosidade, percebem a
presença de Deus iluminando uma criança.
A
medicina não encontra respostas, simplesmente aceita perante os fatos e radiografias,
seu poder é limitado diante do ilimitado!
Os
anos passam, a arte de viver alicerçada em Deus cria meios de sobrevivência,
descobre dons, persiste, luta e vence.
Valoriza
o dia a dia como a maior descoberta, o maior milagre.
Nas
pequenas coisas aprende cada vez mais a amar e ser amada.
Já não
é apenas um invento, um conto ... é um cantar à alegria de
Servir,
amar e viver!
Nasci
tetraplégica e esta é a minha história, o meu conto real!
A
tetraplegia transformou – se em membros superiores atróficos, foi o que restou
da deficiência.
Minha mãe conta que
foram tempos difíceis, mas abundantes em graça.
Tudo era
diferente, parecia uma preparação.
Ela organizava as
prendas para a noite da festa ao Divino Espírito Santo, durante o dia pedintes
apareciam e ela os saciava com as delícias 5.caseiras: bolos, rocamboles,
doces, ‘’ bom bocados’’, balas, frangos... e assim ia organizando tudo outra
vez.
A festa duraria
três dias sob a coordenação espiritual do Padre Ivo.
No primeiro
comecei com febre, dores nas pernas, dizia que ia morrer ou andar.
Assim continuou o
processo, o médico local fez o que deveria ser feito e nada...
Febre, dores
terríveis, choro.
Chegou o grande
momento: a procissão!
Quero ir, eu
gritava, chorava, como já disse ganhei no grito!
Estava no colo de
AUXILIADORA, a missão era dela, ali, ela tornou-se a ‘’auxiliar’’ no grande
momento da INTERVENÇÃO DIVINA, do sopro do
ESPÍRITO SANTO:
GRITEI TÃO FORTE,
ASSUSTEI...
DESCI E ANDEI...
FUI ANDANDO À
PROCISSÃO!
Hoje, reconheço que
milagre não é magia, nem só espanto, mas a intervenção da infinita bondade de
DEUS de forma concreta, transformadora.
Se ficarmos
atentos sentiremos ‘’grandes milagres’’ no nosso dia a dia.
Minha história
tomou outro rumo, ela foi transformada por um sinal eficaz que permanece com o
mesmo sentido ontem e hoje.
O pedido de uma
criança e a vontade de transformar o meio em que vivia tornara-se realidade.
Volta à São Paulo
e no consultório a equipe médica unânime: a medicina não tem resposta!
Novas
radiografias, resultados normais, novos paralelos e nada a discutir.
Ausência de
movimentos?
Só nos membros
superiores!
Questão que teria
que resolver mais tarde, só que já estava solucionada:
Nada de cirurgias,
nada de pinças.
Já não existia
limite, o que restara, passou a significar:
O AMANHÃ, O
FUTURO!
- incentivo;
- portas abertas;
- liderança;
- novas opções;
- possibilidades
diferenciadas;
- sucesso pessoal,
profissional.
Hoje, considero, o
meu pedido para andar, o meu primeiro ato de empreendedorismo e confiança em
DEUS.
Eu queria mudar,
na minha ingenuidade, na minha fé infantil, pedi.
Para quem?
Para o Pai, um Pai
que atende as pessoas que confiam NELE, era assim que ouvia de meus pais, pois
fui criada num lar que reinava, naquela simplicidade, a fé adulta.
Acreditou, pediu,
ganhou, mudou, celebrou!
6.Agora o melhor
de tudo:
Sucesso
espiritual, posso dizer assim, pois mesmo com quedas, erros, fragilidades, carências
... sei que posso contar com a fortaleza e a misericórdia de DEUS!
Esta é a minha
base: olhar o PASSADO, viver o PRESENTE e ter a certeza dos novos passos, pois
estou sempre atenta ao projeto de vida que DEUS, na sua infinita bondade quer
para mim.
Hoje, moro em
Franca, a minha cidade do coração, hoje, não, há 50 anos, somos em 9 filhos,
meu pai já não está conosco, minha mãe a ‘’ grande heroína, está com 84 anos de
fé, alegria e confiança na ação divina em nossas vidas.
Aposentei – me
como professora universitária, Literatura e Artes, Letras e Educação Artística
com Especialização em Semiótica.
Pertenço à
Associação dos Pintores com a Boca e os Pés, como artista plástica tenho obras
selecionadas e reproduzidas no Brasil e exterior, minhas telas selecionadas são
enviadas para Suíça e mais 70 países.
Participo de
salões em todo Brasil e tenho algumas medalhas, troféus e menções honrosas.
Como escritora
oscilo entre prosa e poesia, o meu livro ‘’REALIZE...TUDO O QUE SEU CORAÇÃO
DESEJA ‘’, está na segunda edição e ficou entre os 3 finalistas no Premio Sentidos,
nível nacional, com 1.083 inscrições.
- ‘’ERA UMA VEZ
UMA GAROTA DE OLHOS ENCANTADOS’’ e ‘’ A ESTRELA DE UMA PONTA’’ são livros de
inclusão infantil.
HISTÓRICO
EXPOSIÇÕES
-
BRASIL E ARGENTINA
-
SÃO PAULO =
PINHEIROS,
MORUMBI, REATECH E MEGA ARTESANAL, SAGUÃO DO MASP E MAM
-
FRANCA – SALÃO DE ABRIL, INDIVIDUAL E COLETIVAS, NÚCLEO ARTILOKA, ATELIER DECOS
-
SEMANA PORTINARI
-
ARGENTINA – MUSEU EDUARDO SÍVOLI
-
SUIÇA PELA APBP – 22 TELAS SELECIONADAS E 10 REPRODUÇÕES – BRASIL, CANADÁ,
ARGENTINA, PEQUIM, FINLÂNDIA E NORUEGA
-
ESTILO ACADÊMICO
TEMPO
DE PROFISSÃO
-
PROFISSIONALMENTE HÁ 8 ANOS NA ASSOCIAÇÃO DOS PINTORES COM A BOCA E OS PÉS
MARIA
GORET CHAGAS
EM MEU
SITE VC COMPROVA TDS OS DADOS
Todos os direitos autorais são reservados à Associação dos
Pintores com a Boca e os Pés
Veja mais em: https://www.facebook.com/vidadetetra/
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Um comentário:
Parabéns e obrigada, feliz natal
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