Texto: Thiago Ribeiro Santos
Ao longo dos anos venho homenageando pintores e grandes profissionais que nos ajudam a realizar estes feitos, mas nunca de maneira direta. Como homenagem, vim falar de nossa querida APBP.
Em 1956 Erich Stegmann, pintor com
a boca, reuniu 8 artistas com deficiência física objetivando obter ofício e
sustento através de seus próprios esforços...
Continue lendo a história no site da APBP.
Já que todo ano compartilho a
história da APBP, deixarei aqui como link, mas gostaria de falar um pouco mais
de minha experiência pessoal.
Fui atropelado em 1995, ficando
tetraplégico e crescer como deficiente trouxe diversos desafios. Acho que um
dos maiores é ter os mesmos sonhos de qualquer ser humano. Casar, ter filhos,
algo que se tornava mais importante conforme cresci, e o medo de não ser alguém
produtivo na sociedade corroía a alma.
Com um sorriso, certa vez, Luciano
Alves contou-me sobre como era estudar artes plásticas. Em longas conversas,
aos poucos abria meus olhos mostrando que eu também poderia lutar e sonhar.
Neste período da história, Rui
Nuno Nunes Fernandes, um dos meus melhores amigos nessa Terra, vinha reforçando
cada palavra e me encorajando a tentar. Um tempo depois, conheci Rita de
Cássia, professora de artes plásticas que me acompanha até hoje, ensinando-me
sobre a vida e a arte, e mostrando que a deficiência não passava de uma
oportunidade para ser maior.
Este foi o caminho inicial, superando
medos e incertezas, dores e descrenças, para poder ter a certeza que poderia
pintar um copo, uma janela ou uma arvore de Natal. Dias de treinamento, as
vezes meses, para fazer um único quadro.
Assim a APBP entrou na minha vida,
como a esperança de um futuro melhor e a salvação em meio à escuridão. Naquele tempo,
decidi fazer a Exposição Virtual, e vi que meu sentimento era compartilhado por
muitos. Pintores com a boca e os pés, artistas de tinta e de fé, de cada
história e a cada arte, emoção e aprendizado. A arte é assim, liberdade para
mim.
Creio que para cada um de nós, ser
um bolsista da APBP significa reconstruir um pedacinho do que foi quebrado,
onde por tantos anos éramos subestimados. Ao dizer isso, sei que muitos se
lembrarão de palavras que diziam que não conseguiríamos, que seríamos um peso
pelo resto da vida. Como se tivesse certeza de que nosso futuro fora quebrado e
jogado fora, como poeira ao vento.
MINHA HOMENAGEM À APBP. “ASSOCIAÇÃO DOS PINTORES COM A BOCA E OS PÉS, FUNDADA POR ERICH STEGMANN, SER ILUMINADO QUE VIU NA ARTE A VIDA DE MUITOS SEREM MUDADAS”.
Sem mais desejando saúde e prosperidade a todos.
Atenciosamente,
Gonçalo Borges.
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