domingo, 18 de dezembro de 2022

...A arte que brinca com os sentidos, Marcelo Cunha na 8ª Edição da Exposição Virtual...

Cores da liberdade. Conduzindo entre fortes e suaves tonalidades, Marcelo Cunha demonstra seu coração, talento e imensa afinidade com a arte.

De todas as atividades desenvolvidas até os meus 21 anos de idade, a que mais me encantava era ser um desenhista. Essa era a minha função na gráfica do Hospital Adventista Silvestre, até 1991. Foi o ano que mergulhei em uma cachoeira, bati de cabeça no fundo do rio e fraturei a coluna cervical, perdendo automaticamente todos os movimentos abaixo do pescoço.
Por três longos anos, as consequências da deficiência física foram insuportáveis. Contudo, ao ver outro tetraplégico pintando com a boca ao longo do telejornal foi a resposta de Deus as minhas preces. No mesmo dia meus irmãos me posicionaram para que eu fizesse o primeiro desenho com uma caneta na boca, para não mais parar.
Logo a minha formação em desenho artístico e publicitário permitiu alçar voos maiores. Em 1995 passei a pintar quadros e me tornei um artista plástico, realizando exposições e descobrindo um universo desafiador em diversos aspectos. Sobre o retorno esperado, até realizava vendas significativas nas feiras e exposições que participava em diversas regiões do Brasil. 
Com o tempo percebi a inviabilidade de viver da arte, pois os valores eram incompatíveis ao real valor da obra. Mas sabia que o melhor era continuar fazendo o que sempre amei, pintar. Quando a caminhada parecia inviável, ingressei em 2004, como bolsista, na APBP (Associação dos Pintores com a Boca e os Pés). Com a promoção para Membro Associado da APBP, ocorrido em 2011, segui com mais tranquilidade na realização de maiores conquistas.

O grande fascínio desse universo é a “magia” de transformar o nada, as superfícies em branco, em uma obra de arte. Mais que isso, em cada imagem carregando uma emoção singular em cada quadro, sendo também uma das formas expressar minha gratidão por tantas realizações. Em cada uma delas alimento a felicidade de viver da arte, e isso com dignidade e reconhecimento. 
Assim, participar dessa 8ª mostra virtual é mais um privilégio na minha trajetória, sobretudo por ser composta de artistas que escolheram não apenas viver através da arte. Por meio dela, vivem a superação na sua plenitude. Não é por acaso que este ano escolhi expor três obras de atletas para-desportistas, uma vez que também vencem as adversidades e externam o seu amor pela vida! 
Exposições anteriores do artista:
2022 - Participação especial


Todos os direitos autorais são reservados à Associação de Pintores com a boca e os pés: www.apbp.com.br



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